Outras ovelhas demonstram estar cansadas de ver o narcisismo de seu pastor que, sempre cheio de si, faz elogiosas menções ao seu próprio nome sem qualquer vermelhidão na face. Mas há ainda casos em que o pastor, em vez de pastorear, cuidar do rebanho, acaba como que um verdadeiro gerente da congregação. Ele agenda eventos, determina prioridades e supervisiona todas as atividades do rebanho, como um verdadeiro executivo dos púlpitos. O controle é tão grande, e muitas vezes exercido com mão de ferro, que o que chamam “obra de Deus” passa a ser mais importante que o próprio Deus. Para estes, o cristianismo deixou de ser vida, para ser apenas trabalho maçante.
É possível também observar que muitos acabam agindo como despachantes do Senhor. Há pastores e líderes que acreditam piamente que apenas a sua oração é que tem acesso livre e desimpedido a Deus. Assim, tendem a transformar suas ovelhas em servos do ministério, em vez de levá-las a depender de Deus. E o que dizer dos pastores “showmen”, que tranformam o culto em espetáculo? Para estes, minúcias como a data de aniversário ou o problema familiar de um determinado fiel passam em brancas nuvens. Só se lembram da ovelha quando a vêem no culto.
Todavia, ser pastor é muito, muito mais do que isso. Pastorear é ter sede pela convivência; é cultivar relacionamentos; é interessar-se por saber como está cada ovelha – quais são seus dilemas, suas ansiedades, suas angústias e até mesmo suas falhas, para poder ajudá-la no aperfeiçoamento de vida. Ser pastor é acordar de madrugada para orar pelos membros da congregação, por suas famílias. Ser pastor é depender de Deus para conseguir levar a sobrecarga do ministério, é partilhar suas atividades com um grupo de discipuladores.
É, já não se fazem pastores como antigamente...
Lourenço Stelio Regaé teologo, educador e escritor.