sábado, 7 de fevereiro de 2009

Liderança capacitadora

Não raramente, membros ativos e pastores querem saber qual seria o segredo do crescimento da igreja. Haveria uma vitamina, algum plano de ação, que estimule rápido crescimento?

Respostas variam: use os métodos da igreja com propósitos, implante a rede ministerial, ore mais, evangelize mais, conheça melhor seu bairro, descubra as necessidades do povo para procurar supri-las. Há inúmeras propostas para se alcançar mais pessoas e aumentar o rol de membros. Todas as sugestões são valiosas.

Uma pesquisa feita sob a orientação de Christian Schwarz, há mais de uma década, em mil igrejas de várias denominações de 32 países, revelou que há pelo menos oito princípios ou marcas de qualidade que regulam o crescimento da igreja.

1. Liderança capacitadora.

2. Ministérios orientados pelos dons.

3. Espiritualidade contagiante.

4. Estruturas funcionais.

5. Culto inspirador.

6. Grupos familiares.

7. Evangelização orientada para as necessidades.

8. Relacionamentos marcados por amor fraternal. (Veja o livro "O Desenvolvimento Natural da Igreja", Editora Evangélica Esperança, 2003).

Liderança capacitadora, sendo o primeiro item da lista, tem um significado especial. O Senhor Jesus prometeu a Pedro edificar sua igreja “sobre esta pedra e as portas do Hades não poderão vencê-la. Eu lhe darei as chaves do Reino dos céus...”. No dia de Pentecostes, Pedro pregou poderosamente, ungido pelo Espírito Santo. Milhares de pessoas se converteram, foram batizadas e incorporadas à igreja nascente.

Como se explica a habilidade de Pedro, um simples pescador, em pregar poderosamente sem escolaridade ou curso especializado? Mesmo considerando que ele foi cheio do Espírito, não devemos descartar a liderança natural que possuía. Pedro mostrou, durante os anos passados na companhia de Jesus, que não era tímido ou retraído e tinha boa memória.

Um líder é uma pessoa que consegue alcançar propósitos por meio de outras pessoas. Tem a habilidade de controlar, manejar e motivar outros indivíduos. Ainda que levemos em conta a herança genética de Pedro, o dado marcante foi que ele passou muitas horas com Jesus. Foi este fator que chamou a atenção das autoridades judaicas. Lucas relata que “percebendo que [Pedro e João] eram homens comuns e sem instrução, ficaram admirados e reconheceram que eles haviam estado com Jesus” (At 4.13).

O treinamento que Jesus transmitiu aos seus discípulos foi capacitador e incluía conhecimento cognitivo.

O Sermão do Monte foi apenas um exemplo da maneira como ensinou, usando as interpretações típicas dos fariseus e escribas, lançando luz nova sobre Deus e sua revelação. A mentoria de Jesus foi visual. Os milagres mostraram claramente que Ele não era um mágico. Cada vez que trazia de volta um defunto, repreendia os ventos de uma tempestade ou recriava pão para uma multidão de famintos, mostrava sua filiação.

Quando Pedro passou a ministrar, não ficou intimidado pelas autoridades que o ameaçavam, mas curava doentes, repreendeu os pecados de Ananias e Safira, trouxe Dorcas de volta da morte, dormiu tranqüilamente na prisão na véspera de sua decretada decapitação. Ele escreveu para cristãos perseguidos da Ásia Menor: “Se vocês suportam o sofrimento por terem feito o bem, isso é louvável diante de Deus. Para isso vocês foram chamados, pois também Cristo sofreu no lugar de vocês, deixando-lhes exemplo, para que sigam os seus passos” (1 Pe 2.20,21).

Em terceiro lugar, Pedro aprendeu com a prática. Juntamente com os outros discípulos, Jesus os enviou de dois em dois para pregar, expulsar demônios e anunciar a vinda do Reino. Aprenderam a viver pela fé, sem salários fixos ou promessas de sustento. Entenderam que a fé engloba plena confiança no Deus vivo que cumpre suas promessas.

Uma igreja que tem mentores e discipuladores como Jesus terá cristãos aprendizes. Não se limitará a doutrinar cristãos que manterão a doutrina da igreja. Equipará pessoas que iniciam e lideram ministérios com sabedoria e gratidão. Aparecerão pessoas com dons concedidos pelo Espírito. Essa igreja deverá crescer, a não ser que haja divisão com politicagem e rivalidade. E concordo com C. Schwarz: o desenvolvimento de uma igreja deve ser tão natural como o crescimento de uma criancinha.

*Russel Shedd.