domingo, 30 de março de 2008

Religião verdadeira


A palavra “religião”, segundo a maioria, significa o que se faz para entrar em contato com Deus. Por intermédio de cerimônias e liturgia, os homens crêem conseguir uma ligação com o Criador e Mantenedor de tudo que existe. Mas, como acontece em todas as áreas e atividades humanas, há religião verdadeira e falsa. Sem a revelação bíblica seria impossível saber se as nossas atividades religiosas são de fato válidas ou espúrias aos olhos de Deus.

Tiago escreve em sua carta: “a religião que Deus, nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo” (Tg 1.27). Não parece estranho que Tiago defina a religião de maneira tão prática e “social”! Ele diz, em outras palavras: “para se ligar a Deus é necessário que se desligue do mundo e fique solidário com as pessoas menos favorecidas da comunidade”. Vulnerabilidade frente às dificuldades e carências que a vida impõe, abrem uma porta especial para os que desejam chegar até Deus. Como podemos entender melhor esta maneira incomum de pensar sobre religião verdadeira?.
Jesus pintou no quadro do Juízo Final em Mateus 25 uma realidade semelhante a de Tiago. O critério da separação dos cabritos e ovelhas será fundamentado na “religião”. Os benditos do Pai receberão a herança do Reino preparada desde a criação do mundo. Jesus ficou de tal maneira identificado com os seus “menores irmãos” que todos os atos de misericórdia foram direcionados, em último lugar, ao próprio Filho de Deus. Dando comida a um destes necessitados se compartilha com Jesus!

Os “malditos” não viram o Senhor invisível nos “pequeninos”. Não lhes deram de comer quando estavam famintos, nem roupas para vestir quando as necessitavam. Faltou o amor necessário para se sacrificar, fazendo visitas aos encarcerados ou oferecendo hospedagem aos estrangeiros. Nem os bodes e nem as ovelhas tiveram alguma noção acerca da solidariedade que existe entre Jesus Cristo e seus vulneráveis irmãos. Porém o amor das “ovelhas” para os irmãos de Jesus não deixou de se expressar, mesmo que elas não soubessem o que faziam. A religião verdadeira operava inconscientemente nos que, na verdade, estavam ligados a Deus. Os desligados ficaram igualmente ignorantes das implicações de uma conexão verdadeira com Deus.

A preocupação de Paulo com os cristãos necessitados da Judéia, conforme notamos em Romanos 15.26-29, o forçou a pôr de lado seu trabalho de implantar igrejas para por em prática esta religião que Deus valoriza.

Os evangélicos do Brasil têm uma oportunidade dourada para demonstrar um compromisso com os mais necessitados. As riquezas materiais que os privilegiados da sociedade têm foram concedidas para estes compartilharem com os que nada têm. Foi a atitude dos macedônios que, “no meio da mais severa tribulação e a extrema pobreza deles transbordaram em rica generosidade” (2 Co 8.2). Sentiram prazer em contribuir, não de sua abundância, mas de sua gritante pobreza.

EVITAR A CORRUPÇÃO DO MUNDO

A segunda marca dos que são realmente religiosos torna-se patente na atitude deles perante o mundo.

O mundo corrupto pode ser identificado com a atitude dos que estão desligados de Deus. Tiago mostra em sua Carta que os egoístas cobiçam coisas, e não as têm; matam e invejam, mas não conseguem obter o que desejam. Até suas orações são dominadas pelo egoísmo. Estes “adúlteros” não sabem que “a amizade com o mundo é inimizade com Deus” (Tg 4.4). A palavra de Jesus afirma que no Juízo Final os “malditos” irão para o castigo eterno (Mt 25.46).
O amor de Deus não ocupa os corações dos que amam o mundo (1 Jo 2.15).

CONCLUSÃO

Ligar-se a Deus por uma fé genuína e transformadora em Cristo, não deixa de se evidenciar na prática. Jesus ensinou especificamente que toda árvore boa dá frutos bons, mas a árvore ruim dá frutos ruins. Impossível é para uma árvore boa produzir fruto ruim. A verdadeira religião deve ser interna e externa também. O Reino de Cristo é uma realidade que não se restringe às palavras apenas, mas a ações que têm uma única explicação razoável. Paulo explicou assim: “Cristo em vocês, esperança da glória”. Quando o amor de Deus é derramado nos corações dos seus servos, a evidência aparece em atos de misericórdia e de solidariedade.

*Russel Shedd

O Evangelho sem vergonha


Assustado com a falta de vergonha dos brasileiros, dos que estão no poder e do povo em geral, o psicanalista ítalo-brasileiro Contardo Calligaris escreveu uma série de artigos, que vale, sobretudo, pela preocupação.


Ele lembra que a antropóloga norte-americana Ruth Benedict estudou o comportamento das pessoas em relação à moralidade. Ela mostrou que há sociedades reguladas pela vergonha e outras pela culpa. É comum no Japão uma pessoa, flagrada em corrupção, tirar sua própria vida. É a maneira que tem para preservar sua dignidade. “Nas sociedades em que predomina a vergonha, o sujeito escolhe agir, se abster ou impor limites à sua ação para não perder a face e para preservar ou resgatar sua honra e sua dignidade.

Nas outras, o sujeito age para evitar a culpa ou para expiá-la”. (CALLIGARIS, Contardo. Culpa e vergonha. Moralidade 1. Folha de S. Paulo, 2.2.2006, ilustrada, p. 12.)

Os brasileiros dão um nó na Antropologia, em particular, e nas Ciências Sociais em geral. A vergonha é escassa. Seria de esperar, então, que houvesse culpa, mas o sentimento de culpa é abrandado pela impunidade. De impunidade em impunidade, a culpa e a vergonha vão cauterizando a mente (1Timóteo 4.2) para não sentir vergonha nem culpa por mais vergonhosa e culpada que seja a ação.

Paulo experimentou a mesma realidade em função daquilo que Deus fez em sua vida. Ele era uma pessoa correta, seguidora dos mandamentos de Deus, mas não de Deus, porque em nome de Deus, odiava outras pessoas também tementes a Deus. O judeu Saulo de Tarso perseguia os cristãos. O poder de Deus o alcançou, derrubou-o de sua pretensão de fazer justiça com as próprias mãos e o agora cristão Paulo se tornou um pregador do Evangelho pelo qual foi salvo da ira de Deus. Só que este Evangelho era visto como loucura. Onde um só homem pode morrer por todos? Onde as culpas de todos podem ser apagadas pelo sacrifício de um só? Só pelo poder de Deus, mas quem o aceita?

NÃO SE ENVERGONHA DO EVANGELHO QUEM CRÊ NO PODER DE DEUS

E por que alguns cristãos se envergonham do Evangelho? Uma razão é intelectual. A idéia de que há um Deus pessoal criador que intervém na História, sendo a sua maior intervenção o envio do seu Filho para resgatar a Humanidade do pecado para um relacionamento com Ele, não atende ao postulado da razão. A existência deste Deus não pode ser racionalmente provada. A idéia de que Deus tomou a forma humana, tendo morrido na cruz para expiar nossos pecados, é tomada como absurda. Já ao tempo do apóstolo Paulo, a idéia de uma cruz com efeito universal era considerada louca. Ele escreveu “Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus por meio da loucura da pregação” (1Coríntios 2.4-5).



O cristianismo é visto, em muitos círculos intelectuais, como uma forma de superstição, a ser evitada. Nestes ambientes, um cristão é visto como alguém que abriu mão da razão, logo, perigoso para a ciência e para o pensamento. Ser visto assim é uma pressão muito grande. A tentação ao silêncio é forte. Por isto, é como se Paulo nos dissesse: “não se envergonhe do Evangelho porque é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê”, seja ele bem ilustrado ou pouco letrado. Bem ilustrados e pouco letrados só conhecerão este poder de Deus se o Evangelho lhes for anunciado, mesmo que sob vaia (1Coríntios 1.18-21).

A outra razão é social. O cristianismo é uma religião de alta moralidade. Seus padrões são tão elevados que são considerados inalcançáveis, por aqueles que só conhecem a sua superfície. Para muitos em nossa sociedade, ser cristão é renunciar a vida e a liberdade. Abre-se, por exemplo, uma revista popular para adolescentes e ali não se encontra nenhuma moral, a não ser esta: cada um deve fazer com o seu corpo o que lhe der vontade ou cada um deve fazer com a sua vontade o que o corpo pede. Para muitos, ser cristão é abrir mão do enriquecimento ilícito, é não subir tendo o próximo como trampolim. Para muitos, o cristão ignora a natureza humana, só sobrevive quem for lobo do outro. A pressão é grande sobre o cristão. Para aquele que tem fé é grande a tentação de ficar anônimo neste ambiente hostil (1João 2.15-17).

NÃO SE ENVERGONHA DO EVANGELHO QUEM NÃO ENVERGONHA O EVANGELHO

Envergonhar o Evangelho é uma possibilidade. Alguns o faziam. Paulo desejava que isto jamais acontecesse com ele. Envergonha o Evangelho quem envergonha a Cristo, negando a fé nEle, por atos e palavras. Neste sentido, o maior inimigo do cristão, para que o Evangelho avance, é o próprio cristão. Temos problemas com as palavras, mas nosso verdadeiro campo de vergonha é o gesto. É a ação, quando esta contradiz o que falamos. Envergonhar o Evangelho é dar um nó na Bíblia, porque nela estão todas as advertências quanto ao abismo. O Evangelho não pode ser uma coisa e o evangélico outra. O Evangelho é o poder de Deus para a salvação. O evangélico deve viver sob este poder.

Quem não se envergonha do Evangelho e não envergonha o Evangelho não é envergonhado por Jesus Cristo. Evangelho é vida. Quando queremos transformá-lo em outra coisa, nós o defraudamos. Um Evangelho defraudado não é Evangelho. Um Evangelho feito de palavras, na pregação e no louvor, não é Evangelho. Um cristão que defrauda o Evangelho não é cristão. Ele não passará pelo crivo de Cristo (Mateus 25.34-40). Um cristão que envergonha o Evangelho não é um cristão, porque não é um cristão aquele que aprendeu uma seqüência de palavras sobre o Evangelho (Lucas 9.26). Permaneçamos em Jesus (1João 2.28-29). Um cristão é aquele que recebe o poder de Deus para a salvação e o dom de Deus para a fidelidade. Não envergonhamos o Evangelho quando vivemos pelo poder de Deus (2Timóteo 1.7-10).

*Israel Belo de Azevedo

quinta-feira, 6 de março de 2008

A Redenção da Humanidade


Deus está no processo de cumprir uma grande missão: a redenção da humanidade.

Ele estabeleceu que, nessa tarefa, não só remirá os homens, mas fará uso deles para executar uma parte especial no processo, a fim de que possa mostrar seu poder e graça através da vida deles. Eles então trabalharam “junto com Deus” (2Co 6.1).

Compreender este conceito é a chave para entender a Deus. Ele nos chama para si mesmo e para a sua missão. Quem quer que tome o nome de Cristo, deve aceitar também a sua missão.

Todos os que reivindicam o céu como lar, também aceitam o evangelismo como um estilo de vida. Aqueles que prometem obediência a Deus, devem igualmente prometer obediência ao plano divino de alcançar os perdidos. Não existem opções nem exceções neste sentido.

Esta responsabilidade cabe a todos os cristãos, de todas as épocas, em todos os lugares. Ela nada tem a ver com dons, necessidades, circunstâncias. Não existem homens “especiais” para Deus. O “dom do evangelho” não existe!

Devemos livrar-nos de idéias desse tipo!

Vamos enfrentar o fato de que todos nós podemos fazer alguma coisa pelos perdidos do mundo.

Você tem língua?
Você sabe sorrir?
Você tem um conhecido?
Tem então o suficiente.
Nós não levamos realmente a sério a missão de Deus. Mais da metade da população do mundo pode ser classificada como não tendo sido alcançada pelo evangelho. São homens e mulheres que não tiveram ainda a oportunidade de responder com inteligência a uma apresentação compreensível das boas novas de que Cristo morreu pelos nossos pecados. Nesse número estão incluídos (segundo o jornal Moody Monthly) cerca de 903 milhões de chineses, 574 milhões de hindus, 704 milhões de muçulmanos e centenas de milhares de outros.
Enquanto esses milhões continuam famintos, nós, na maioria das vezes, nos tornamos obesos. Somos peritos em justificar nossa complacência e racionalizar nossa apatia. Se continuarmos nesse andar, não teremos futuro. Ponto final. Estamos nos afundando. Se não acelerarmos nossos esforços, cinco entre cada seis não-cristãos jamais ouvirão o evangelho. Como podemos pensar em sermos chamados “povo de Deus” se não participarmos da sua missão? Por quanto tempo mais ousaremos ignorar o mundo faminto enquanto nos sentamos à mesa do banquete?

A razão de estar escrevendo isto é que a igreja está começando a ignorar a Grande Comissão. Por quê? Sinceramente não sei. Sei que não podemos fazer isso.

No decorrer da história, a igreja morreu quando o mundo foi esquecido. A igreja prosperou quando o mundo foi lembrado.
*Max Lucado