quarta-feira, 12 de setembro de 2007

A deificação do homem no meio evangélico.


O crente não pode adoecer,ter depressão, ficar pobre, sofre acidentes ou ser assaltado, pois ele é filho de Deus. Essa é a tônica das mensagens triunfalistas presentes na maior parte dos púlpitos desse país. O que está por trás dessa espúria teologia? Certamente é, a doutrina da deificação do homem. Os pregadores da Confissão Positiva, movimento doutrinário de caráter herético, apregoam que o crente é um deus, por esse motivo, ele não pode passar por privações ou qualquer infortúnio.

O homem é um deus? Analisando duas passagens fora do contexto, Sl 82.6 e Jo 10.34, certamente há base para essa heresia. O texto do Sl 82.6, diz: “Eu disse: Vós sois deuses, e vós outros sois filhos do Altíssimo”. A palavra deuses no versículo 1 e 6 do salmo 82, refere-se aos injustos juízes de Israel. E deuses em Jo 10.34, é uma citação do Sl 82.6, quando Jesus argumenta a respeito de sua dividade e filiação com o Pai, sendo que o sentido da palavra deuses é o mesmo do apresentado pelo salmista.

Os juízes, como autoridades constituídas por Deus para representar a justiça e o direito, foram no Antigo Testamento chamados de deuses. Esse texto não está ensinando que o crente é um deus, mas mostra que juízes ímpios não estavam representando Deus, pois deixaram a justiça, não defendiam o pobre e não livraram os oprimidos(vv. 2-5).Jesus cita este Salmo em Jo 10.34, quando é acusado pelos fariseus de blasfêmia, ao chamar Deus de Pai. Jesus então pergunta: “Não está escrito na vossa lei: Eu disse: sois deuses?”. O que Jesus argumenta é que Ele, como o Verbo encarnado, não poderia ser acusado de blasfêmia por afirmar ser o Filho de Deus, pois os juízes eram considerados deuses, por fazerem julgamentos, pois o julgamento sempre foi de atribuição divina. Como agora Jesus poderia ser apedrejado por falar de sua identidade, enquanto os injustos juízes se colocavam como deuses na terra? Jesus argumenta, que os juízes, julgando injustamente, eram chamados de deuses; enquanto ele, que operava grandes obras, era blasfemo por declarar Deus como Pai. As obras diferenciariam o verdadeiro Deus. O texto é usado para um apologia à dividade de Cristo e não como doutrina da deificação do homem.

É isso que ensina a passagem em apreço, mas o defensores desse “evangelho” da prosperidade, dizem que o homem é um deus, cheio de autoridade. Os falsificadores da Palavra de Deus, não cansam de fazer uma exegese distorcida do texto e assim ensinar heresias no meio cristão.

Outro texto usado para justificar o ensinamento que o homem é um pequeno deus, é 2Pe 1.4, que diz: “Pelos quais ele nos tem dado grandíssimas promessas, para que por elas fiqueis participantes da natureza divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência, há no mundo”. Kenneth Hagin e Benny Hinn são difusores da idéia que o crente é deus. Hagin no livro Zoe: a própria vida de Deus, pg 57, afirmou: “Eis o que somos: somos Cristo”. Hinn afirma:“Os cristãos são pequenos messias. Os cristãos são pequenos deuses”.¹ Baseando o seu ensinamento pelo texto de 2Pe 1.4, Hagin ensinou no livro acima citado, na pg 55, que: “Jesus foi primeiramente e depois humano. E, na carne, Ele foi um ser divino-humano, Quanto a mim, fui primeiramente humano como você, mas eu nasci de Deus, E, desta maneira, tornei-me num ser humano-divino!”. O termo natureza divina ensina que o cristão é um pequeno deus?

Participar da natureza divina não significa possuir os atributos incomunicáveis de Deus, como a sua onipotência; mas é a realidade da habitação do Espírito Santo, que comunica a sua santidade e atributos morais. O Espírito Santo comunica a sua santa natureza para que o crente vença as tendências carnais, ou seja, a sua natureza carnal; como disse o teólogo puritano John Owen: “Todas as dádivas de Cristo nos são transferidas e dadas pelo Espírito de Cristo. Sem Cristo nada poderemos fazer.” ² O apologista Paulo Romeiro, ao comentar a passagem da segunda epístola de Pedro diz: “Nesta passagem Pedro está falando do caráter ou da natureza moral de Deus. Assim, os cristãos, à medida que escapam da corrupção do mundo, passam a demonstrar os atributos comunicáveis de Deus”³.

O ensino da deificação do homem, assemelha esse “cristianismo” ao movimento da Nova Era, que tem como doutrina básica, o homem-deus. Esse “evangelho” da Nova Era contraria o verdadeiro cristianismo. Walter Martin, grande apologista, escreveu: “Enquanto o cristianismo histórico acredita que o homem foi separado de Deus por transgredir a sua lei, o movimento Nova Era acredita que o homem está separado de Deus apenas em seu próprio consciente”4. A Nova Era ensina o homem que ele é um deus, sendo assim,“libertando a sua mente”. A Confissão Positiva ensina o mesmo com uma roupagem cristã. Não é de estranhar que a Confissão Positiva tenha herdado ensinamentos de seitas ocultistas com a Ciência Cristã.

Ter a natureza divina não é ser um mini-deus, mas um vencedor de suas tendências pecaminosas. Ser crente não é ser um super-homem, mas sim conquistar a cada dia uma maior comunhão com Deus.


Autoria: Gutierres Siqueira-http://teologiapentecostal.blogspot.com/